Depois que Daniel Alves revelou no programa "Bola da Vez" que Josep Guardiola queria treinar a seleção brasileira de futebol no Mundial de 2014, muitos torcedores imaginaram um desfecho melhor para a equipe canarinho na Copa em casa. Na esteira dessa entrevista, veio à tona também que o então presidente da CBF José Maria Marin não quis uma aproximação com o treinador espanhol.
Enquanto o futebol vive seu mundo à parte, com resistência a estrangeiros no comando dos times, os esportes olímpicos tomaram há tempos o caminho contrário.
Antes e depois de o Rio de Janeiro ser escolhido como sede dos Jogos de 2016, que começam a exatamente um ano e que terá transmissão dos canais
ESPN, treinadores de fora assumiram seleções com trabalhos hoje reconhecidos pelo mundo ou que ao menos elevaram o patamar de esportes que antes eram coadjuvantes no cenário internacional.
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) lista 40 estrangeiros à frente de 22 esportes. Nomes já consagrados como Rubén Magnano - ouro olímpico com o basquete masculino da Argentina em 2004 -, Ratko Rudic - campeão em 2012 com a Croácia no pólo aquático masculino -, Vitaly Petrov - ex-treinador de Yelena Isinbayeva, maior nomeda história do salto com vara feminino - e Jesús Morlán - ex-técnico do canoísta David Cal, maior medalhista olímpico da história da Espanha, e hoje ao lado de Isaquias Queiróz, campeão mundial na categoria C-1 500 - estão entre eles.
Já outros técnicos obtiveram êxito exatamente no comando de uma seleção brasileira, casos de Morten Soubak (atual campeão mundial no handebol feminino) e Ettore Ivaldi (treinador de Ana Sátila, atleta mais nova da delegação em Londres-2012 e hoje, aos 19 anos, campeã mundial júnior de canoagem slalom).
Tais nomes e feitos ajudaram o COB a colocar como meta o Brasil terminar a Olimpíada do ano que vem no top 10 do quadro de medalhas. A pressão por disputar os Jogos em casa, porém, pode frustrar parte das esperanças.
"Estamos trabalhando com relação a isso", disse Morten Soubak . "Vai ser uma Olimpíada em casa. Mas isso não quer dizer que nós estamos trabalhando melhor ou pior por causa disso, não pode ser diferente. Se a Olimpíada fosse na África ou na Europa, seria feito o mesmo trabalho. Não funciona dessa forma. Temos um Mundial (na Dinamarca em dezembro), uma Olimpíada, e estamos totalmente focados para ganhar a primeira medalha olímpica no handebol, isso eu garanto".
"A questão de jogar em casa pode ter uma influência para qualquer atleta, mas sinto que estamos nos sentindo bem, e as meninas vão estar mais fortes. Vamos tentar trazer uma vantagem para nosso lado jogando no Rio", continuou o dinamarquês.
O ponto citado por Morten quanto ao trabalho não ser diferente apenas por causa dos Jogos no Brasil é assunto recorrente entre atletas e treinadores.
Já há alguns anos existe o temor de que muito dos milhões investidos nas confederações tenham como objetivo final a Olimpíada de 2016, e não o depois. Um legado esportivo será deixado, novos atletas despontarão para 2020, 2024?
Em 2011, o romeno Dragos Stanica, técnico da seleção brasileira de levantamento de peso, deu uma previsão catastrófica: "Com todo o esporte brasileiro, 2016 representa a alavanca, mas não representa o começo, representa o fim. Infelizmente está todo mundo vendo como o fim. Você fica muito mal, principalmente com o atleta mais novo. Chega lá em 2016 e depois o que acontece? Nós vamos morrer em 2016. Isso para todos os esportes."
Em algumas modalidades nas quais o país não possui resultados expressivos aconteceu a importação de atletas, como no pólo aquático (já relatadas em matérias no ESPN.com.br aqui e aqui), hóquei sobre a grama, esgrima e rugby.
Algo semelhante aconteceu há quatro anos com a Grã-Bretanha: o país-sede dos Jogos possui vagas em praticamente todos os esportes, mesmo naqueles que não façam parte da cultura local. Então, para Londres-2012, o Reino Unido recrutou atletas de outras nacionalidades para compor seleções de basquete e vôlei - um brasileiro, Mark Plotyczer, atuou na equipe de voleibol de quadra, por exemplo.
Assim que acabou a Olimpíada, as seleções foram desfeitas.
Mesmo com tal iniciativa, o Team GB terminou os Jogos em casa na terceira colocação, atrás apenas dos Estados Unidos e da China, sede em 2008.
E com o Brasil, como será? Os atletas estrangeiros ajudarão a impulsionar os esportes menos conhecidos? Em um ano parte da resposta chegará.
Veja abaixo todos os técnicos estrangeiros nos esportes olímpicos
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