Bruno Soares corre para atacar a bola na rede, mas se abaixa. Nem é preciso Marcelo Melo falar nada. Um percebe a boa posição do outro para o smash em um rápido olhar. Com essa sintonia, fruto de anos de entrosamento mesmo jogando separados no circuito mundial, a dupla brasileira vibrava diante dos espanhóis Marc López e David Marrero neste sábado. Empurrados pela torcida no saibro do ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, os dois mantiveram a invencibilidade de quatro anos da parceria em confrontos da Copa Davis com a vitória por 3 sets a 0 - parciais de 6/3, 7/5 e 7/5 em 2h35. A comemoração foi gigante, afinal, a dupla colocou o Brasil em vantagem de 2 a 1 no duelo com a Espanha. Se antes parecia missão impossível, agora a equipe verde-amarela está a um passo da elite mundial da Davis de 2015.
- A sintonia está funcionando muito bem. Nós nos reunimos na Copa Davis e nas Olimpíadas, parece que acumulamos a energia e usamos ela a favor do Brasil. A atmosfera de jogar aqui é indiscutível - disse Marcelo Melo.
Nem mesmo uma bolada no pescoço de Melo em um golpe de López atrapalhou. Eles conseguiram o sétimo triunfo seguido em confrontos da Davis - até os gêmeos americanos Bob e Mike Bryan foram vítimas - e mostraram que estão na trilha certa rumo às Olimpíadas de Rio de Janeiro. Eles reafirmaram nesta semana o antigo plano de disputar alguns torneios do circuito mundial juntos em 2015 para melhorar o entrosamento rumo ao Rio 2016 - Soares tem como parceiro o austríaco Alexander Peya, e Melo faz dupla com o croata Ivan Dodig. Quem sabe no Rio 2016 a comemoração não seja tão grande quanto a festa deste sábado, com 6.857 torcedores no Ibirapuera.
- Acho que realmente joguei muito bem desde o início. Eu estava muito confortável. Quando entro na quadra na Davis sai esse peso todo, sai o nervosismo. Por mais importante que seja o ponto para o Brasil acabo desempenhado meu melhor tênis. Fui acima da média. Contei com a ajuda do Bruno. Isso nos dá confiança. Sabemos que é só manter o ritmo. Tanto que quando sofremos a quebra no segundo set, continuamos bem. Estou na minha melhor fase da carreira, e o Bruno também - disse Marcelo.
Sem Rafael Nadal (número 2 do mundo) e David Ferrer (quinto do ranking), a Espanha ainda tenta a virada neste domingo, a partir das 14h, para honrar a tradição da sua escola. A esperança brasileira de superar um gigante do tênis agora está nas mãos de Thomaz Bellucci e Rogério Dutra Silva, que encaram respectivamente Roberto Bautista Agut e Pablo Andujar. Se um dos dois vencer, o Brasil voltará ao grupo mundial da Copa Davis depois de um ano na divisão da América.