O vôlei do Brasil acumula medalhas, o futebol masculino está sempre bem cotado e o basquete é apontado como surpresa. Em 2016, porém, é o handebol feminino que está agora com mais chances de levar uma medalha em esportes coletivos nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Campeãs mundiais em 2013, as meninas disputam, a partir deste fim de semana, o bi da competição na Dinamarca, onde podem reforçar seu favoritismo.
O torneio reúne todas as potências do handebol e será o primeiro teste do Brasil campeão. Em 2013, na Sérvia, a seleção comandada pelo dinamarquês Morten Soubak finalmente concretizou o potencial que já apresentava há anos. Bateu de frente com as europeias mais fortes, venceu o time da casa na decisão e conquistou o título inédito.
É mais do que qualquer outro esporte coletivo conseguiu, mesmo entre aqueles que têm mais mídia. No atual ciclo olímpico, o basquete finalmente venceu a Argentina em um Mundial, mas parou nas quartas em 2014. O vôlei chegou mais perto: a seleção masculina foi vice no ano passado, perdendo para a Polônia. A feminina, ficou em terceiro no Mundial disputado na Itália. O futebol? Bom...
Já o handebol tem, além da conquista coletiva, dois "melhores do mundo". Alê Nascimento ganhou a "Bola de Ouro" do esporte em 2012, enquanto Duda Amorim ficou com a honraria em 2014. A partir deste fim de semana, elas estarão juntas na disputa pelo bi que pode credenciá-las de vez para a disputa de um pódio em 2016.
Os resultados colocam o Brasil como forte candidato ao bi mundial e a um pódio olímpico, mas não diga isso a Morten Soubak. O técnico da seleção não concorda com a avaliação de que sua equipe está tão na frente dos rivais.
O problema é a quantidade e a qualidade das rivais. Além do Brasil, a Noruega, que venceu cinco dos últimos seis Europeus e as duas últimas Olimpíadas, e a dona da casa Dinamarca são fortes candidatas. Em um segundo plano, mas com bons resultados recentes, estão Montenegro, Espanha, Suécia, Sérvia e Hungria. França, Coreia do Sul e Rússia, tradicionais, também não podem ser descartadas.
"Se for olhar no histórico, quantos países conseguiram dois títulos? E quantos países fora da Europa já foram ao pódio? Só tem dois. Entao, a história me mostra que este mundial será mais difícil. Temos 16 equipes que podem ganhar medalha. França entra como favorito [do grupo do Brasil], as oitavas podem ser com a Noruega. Vai ser Russia, Noruega, Espanha ou Romênia [no primeiro mata-mata]. Morreu ai", diz o treinador.
O cenário de muita disputa já favoreceu o Brasil, campeão mundial em 2013 antes de sequer atingir uma semifinal em torneios de elite. Desta vez, com o time de Morten na mira de todos, pode prejudicar.
O Brasil joga a primeira fase contra Coreia do Sul, Congo, Alemanha, Argentina e França, nesta ordem. Os primeiros grandes desafios são a Coreia do Sul e a França, ambas campeãs olímpicas da modalidade em um passado não tão distante. O maior problema, porém, está nas oitavas.
O grupo C, do Brasil, cruzará no primeiro mata-mata com o D, que tem Noruega, Rússia, Espanha, Romênia, Porto Rico e Cazaquistão. Os quatro primeiros times desta lista, especialmente a Noruega, atual campeã olímpica, são candidatos ao título e podem surpreender o Brasil.
A base da seleção feminina que conquistou o mundo em 2013 continua a mesma. As goleiras Babi e Maysa, as armadoras Ana Paula, Duda e Deonise, as pivôs Dani e Dara e a ponta Alê Nascimento seguem no time. Só que jogadoras importantes como Mayara e Hannah, importantes no título de 2013, estão fora por lesão.
O departamento médico, aliás, ficou movimentado nos últimos meses. A capitã do time e a melhor jogador do mundo no ano passado chegarão à Dinamarca após problemas médicos recentes. Dara teve uma trombose na perna esquerda e Duda Amorim rompeu o ligamento cruzado do joelho esquerdo. Ambas perderam o Pan de Toronto por conta das lesões, mas recuperaram-se a tempo e estão no time de Morten Soubak.
*Colaborou Daniel Brito, em Brasília