Já na semana passada, a RioUrbe (Empresa Municipal de Urbanização) firmou um novo contrato emergencial com a construtora Engetécnica. O acordo, de mais de R$ 55 milhões, foi fechado justamente para que a empresa conclua a obra atrasada.
A Engetécnica já trabalha no velódromo há dois meses. A empresa havia sido subcontratada pela Tecnosolo em março quando a própria empreiteira admitiu que, sozinha, não teria capacidade para terminar a construção a tempo dos Jogos.
A Tecnosolo está à beira da falência. Em 2012, a empresa entrou em recuperação judicial alegando precisar de mais prazo para quitar dívidas com fornecedores.
Apesar disso tudo, ela disputou e venceu a concorrência promovida em 2013 para a escolha da construtora do velódromo. A obra, entretanto, nunca andou como deveria.
Hoje, faltando exatamente 67 dias para o início da Rio-2016, o velódromo está 88% concluído. Enquanto outros ginásios do Parque Olímpico recebem eventos-teste e passam pelos últimos ajustes antes da Olimpíada, a construção da arena de ciclismo continua em execução. A fachada do espaço ainda está com tijolos expostos.
Por conta dos atrasos no velódromo, o Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016 adiou e depois cancelou uma competição de ciclismo que serviria para inaugurar a arena. O órgão, internamente, aumentou a pressão sobre a prefeitura para que a obra seja entregue o mais rapidamente possível. Para o comitê, entretanto, não há risco de que o velódromo não esteja pronto para a Olimpíada, que começa no dia 5 de agosto.
A prefeitura do Rio confirmou em em nota oficial o rompimento do contrato com a Tecnosolo alegando que a empresa não está em condições de ser responsável pelas obras do velódromo "por conta dos problemas que culminaram com sua situação de recuperação judicial". Segundo o município, a troca de construtora não altera o valor total da obra, cuja entrega está prevista para o próximo mês.
Em comunicado a seus acionistas, a Tecnosolo informou que atrasos na construção do velódromo foram causados por mudanças necessárias no projeto da obra, o qual não foi feito pela empresa. Declarou também que executou mais de 83% da construção, mas só recebeu 67% do combinado pelo trabalho. Ressaltou ainda que a Justiça já determinou que a rescisão do contrato da empresa com a prefeitura seja suspensa.
Por tudo isso, a empresa declarou que espera que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, "continuará reconhecendo o valor e a importância da empresa nesse empreendimento olímpico [o velódromo]."
Essa é a quinta vez que o Poder Público intervém sobre obras olímpicas devido a atrasos só neste ano. Em janeiro, a administração municipal rescindiu contratos e substituiu as empresas responsáveis pela preparação do Centro Olímpico de Tênis e do Centro Olímpico de Hipismo devido à demora na execução dos projetos.
A Ibeg trabalhava nas duas obras. Chegou a recorrer à Justiça contra a decisão da prefeitura de afasta-la dos projetos. Não obteve sucesso.
A prefeitura também trocou a empresa responsável pela obra do BRT TransOeste depois que a obra foi paralisada.
Já o governo estadual repassou a responsabilidade sobre a reforma do Estádio de Remo da Lagoa Rodrigo de Freitas a outra empresa.