O gol no começo da partida deixava claro que a festa seria para Formiga. Afinal, foram 12 anos desde que a volante conquistou a sua primeira (agora entre quatro) medalha em Jogos Pan-Americanos. Se despediu da competição continental da melhor forma que podia: sendo titular, capitã e novamente no topo do pódio. Marcou o seu, logo no começo, e como a referência que se tornou aos 37 anos, abriu o caminho para a goleada brasileira. Ainda viu Maurine trazer mais brilho ao seu adeus com um belo gol olímpico, além de Andressa, em grande noite, e Fabiana fecharem a conta para sacramentar o triunfo por 4 a 0 sobre a Colômbia. Com o tricampeonato pan-americano, as meninas do futebol voltaram a ser douradas. Na decisão do terceiro lugar, o México venceu o Canadá por 2 a 1, ficando com a medalha de bronze.
O topo do pódio em Toronto 2015 foi o terceiro da carreira de Formiga e da seleção brasileira de futebol feminino. Foram campeãs em Santo Domingo 2003 e Rio 2007. Em Guadalajara 2011, a seleção feminina foi medalha de prata ao perder nos pênaltis para o Canadá. A volante, que tem duas pratas olímpicas, já anunciou que segue na seleção até os Jogos Olímpicos de 2016.
– Nada melhor do que ser campeã, levar essa medalha e coroar esse trabalho. Ficamos super tristes com a saída do Mundial. Fechamos e decidimos que nada melhor do que dar a resposta para quem nos criticou, que não sabe da nossa luta. Sabíamos que ia ser difícil, pela qualidade da Colômbia. Nossa resposta está aí – disse Formiga.
A equipe brasileira mostrou fôlego em Toronto, afinal, jogou duas competições fortes em sequência. Semanas antes do Pan, o time disputou a Copa do Mundo de futebol feminino, também no Canadá. A equipe foi eliminada nas oitavas de final, pela Austrália, e voltou ao país para mais um torneio. Principal estrela, Marta, no entanto, não disputou a competição continental.
Não precisou de muito tempo para o Brasil abrir o marcador. Ignorando a festa que a numerosa e barulhenta torcida colombiana fazia em Hamilton, Thaisa recebeu um bom passe após uma falta e cruzou com precisão para Formiga iniciar, com maestria, sua participação na final pan-americana: 1 a 0 aos sete minutos. O jogo ficou um pouco parado, sem grandes chances dos dois lados. Morno, mas sem problemas para as brasileiras. No fim da etapa, a goleira Sepulveda entrou forte em um dos muitos bons lances de Andressa Alves na área, mas a juíza Mirian Leon, de El Salvador, seguiu o jogo.
O Brasil retomou as rédeas da partida no segundo tempo. Logo no começo, Erika teve uma excelente chance de cara com a goleira, mas a goleira Forero, de apenas 1,69m, (que entrou no lugar de Sepulveda) espalmou. Cristiane teve duas boas chances dentro da grande área, Gabi também recebeu um passe açucarado de Formiga. Mas faltou o capricho no último toque. A marcação brasileira com Fabiane e Rafaelle funcionava nos poucos lances de perigo impostos pelas colombianas. A goleira Barbara ainda fez uma defesa importante em um bate rebate de Usme na área.
Quando parecia que o jogo não teria mais emoção, Maurine, que havia acabado de entrar na final, cobrou um escanteio bem fechado. Quando viu, havia marcado um belo gol olímpico para a seleção, aos 30 da segunda etapa. Abriu a porteira para mais gols. Com excelente atuação durante toda a partida, Andressa chutou livre pela direita, aos 40, e ampliou. No último lance do jogo, nos acréscimos, Fabiana acertou um chutaço de fora da área para sacramentar a conquista.