A dolorida derrota nas semifinais para a Venezuela por 66 a 65, no domingo, pode ter tirado do Brasil a chance de conquistar o 46º Campeonato Sul-Americano Masculino de Basquete, mas não esgotou todos os objetivos do país no torneio. Se a vaga para o Pré-Olímpico das Américas já estava garantida, o time comandado pelo técnico José Neto precisava de mais uma vitória para assegurar sua participação nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no ano que vem. E ela veio nesta segunda-feira, na Ilha de Margarita (VEN). Recuperado do baque do dia anterior, a seleção brasileira derrotou o Uruguai na disputa do terceiro lugar por 66 a 61 (36 a 29), ficou com o bronze e garantiu presença na competição canadense.
Apesar da derrota, o uruguaio Fitipaldo anotou seis tiros de três e foi o cestinha da partida com 26 pontos. Aguiar, com 15, também teve atuação destacada. Pelo lado brasileiro, os nomes do jogo foram Benite, que anotou 16 pontos, e Rafael Hettsheimer, com um duplo-duplo de 14 pontos e 10 rebotes. os armadores Rafael Luz, com 11 pontos e sete rebotes, e Gegê, com nove pontos em três bolas de três, também foi importante.
O primeiro quarto foi até dominado pelo Uruguai, mas a vitória parcial foi brasileira. Após Rafael Luz abrir o placar, o time comandado pelo técnico José Neto só voltou a liderar o período em outras quatro oportunidades. Duas através de duas cestas de outro Rafael, o Hettsheimer, novo reforço do Bauru e cestinha brasileiro nos primeiros dez minutos iniciais, com oito pontos, e na última bola do período, numa linda cesta de Benite, quase no estouro do crônometro, que sacramentou a vantagem mínima de 18 a 17.
Sem o ala Jefferson William, que cometeu três faltas nos seis primeiros minutos da partida, o Brasil voltou melhor no segundo período. Talvez pelo técnico José Neto ter apostado no entrosamento do Flamengo. Com Gegê, Olivinha e Cristiano Felício juntos em quadra, o Brasil finalmente conseguiu desgarrar no placar. E foi justamente em três bolas seguidas de três de dois rubro-negros - duas de Gegê e uma de Olivinha -, que a seleção brasileira abriu oito pontos no quarto - sua maior vantagem na partida - e obrigou Adrian Capelli a parar o jogo.
O pedido de tempo não adiantou de nada. O Brasil seguia controlando as ações. Com uma defesa agressiva e um aproveitamento de 78% nos arremessos de quadra - 11 bolas convertidas em 14 tentadas no período -, a seleção manteve a boa diferença no período e permitiu que os uruguaios diminuíssem o prejuízo em apenas um ponto. A vantagem de sete pontos no intervalo só não foi maior porque o Brasil desperdiçou os últimos três ataques do quarto.
Na volta do intervalo, o Uruguai deu a impressão de que não estava disposto a entregar a partida de bandeja. Em dois ataques seguidos, Fitipaldo e Mazzarino converteram duas bolas de três e diminuíram a diferença para quatro pontos. Mas a reação uruguaia não passou de um susto. Com um jogo coletivo eficiente, o Brasil conseguiu uma corrida de 10 a 2 e ampliou a vantagem para 12 pontos, a maior do jogo.
Adrian Capelli parou o jogo, mas novamente o pedido de tempo não conteve o ímpeto ofensivo brasileiro. No lugar de Raulzinho, que cometeu duas faltas seguidas e chegou à sua terceira na partida, Gegê anotou outra bola de três, manteve os cem por cento de aproveitamento em arremessos de quadra e ajudou o Brasil a ampliar sua vantagem para 13 pontos.
O Uruguai chegou a assustar no fim do período. Com cinco pontos seguidos, três deles no quinto arremesso de três de Fitipaldo na partida, a diferença chegou a cair para apenas oito pontos. Mas em outra linda jogada de Benite, que chegou a 15 pontos no jogo, a diferença voltou para dez pontos no fim do terceiro período.
O jogo que parecia controlado ganhou emoção longo nos primeiros minutos do último período.Com nove pontos seguidos em pouco mais de dois minutos, o Uruguai aproveitou o apagão da seleção brasileira - que durou três minutos e vinte e quatro segundos - e cortou a diferença para um ponto.
Para aumentar o drama brasileiro, Benite caiu de mal jeito, torceu o tornozelo direito e foi substituído por Jefferson. Sem seu principal pontuador na partida, a seleção brasileira continuava amassando o aro no período e viu o Uruguai passar a frente a pouco mais de dois minutos para o fim, numa bola de três de Osimani. O troco veio na sequência. Numa jogada de três pontos, Rafael Mineiro recolocou o Brasil dois pontos à frente.