O vôlei de praia brasileiro voltou a ter um desempenho excepcional nesta temporada. Duplas do Brasil foram campeãs e vice-campeãs do Circuito no masculino e no feminino e obtiveram também os títulos do ano no Mundial, disputado em Haia, na Holanda, em julho. Nas etapas do circuito, o Brasil conseguiu 32 medalhas no total, sendo 18 de ouro. É o melhor ano do Brasil desde 2008.
Naquele ano, o Brasil conseguiu 20 medalhas de ouro no Circuito. O número de etapas, no entanto, foi superior: 19 femininos e 20 masculinos; neste ano, houve 16 torneios femininos e 15 masculinos. Cabe observar, no entanto, que o sucesso no circuito não necessariamente corresponde a conquistas equivalentes na Olimpíada. O Brasil obteve, desde 96, quando a modalidade estreou no programa olímpico, apenas duas medalhas de ouro, com Jaqueline Silva e Adriana Pires, nos Jogos de Atlanta, e Ricardo e Emanuel, em Atenas-2004.
O gerente de seleções de vôlei de praia da CBV, Franco Neto, chama parte dos louros para si. "Os atletas estão de parabéns, se dedicaram muito em todos os torneios. E por ter sido atleta, também acredito que o apoio da CBV foi fundamental. A preparação e a manutenção desta preparação são essenciais, e com a ajuda dos nosso patrocinadores e apoio do COB e do Ministério do Esporte, pudemos custear os gastos, permitir que as comissões técnicas completas sempre estivessem presentes. Demos 100% para que eles pudessem representar o Brasil da melhor maneira, e eles conseguiram isso".
Alison e Bruno Schmidt fecharam a temporada com 6070 pontos e títulos de seis etapas. Na segunda posição ficaram os cariocas Pedro Solberg e Evandro (4960), que acumularam um ouro, uma prata e dois bronzes. Essas duas duplas vão representar o Brasil em 2016.
Bruno apontou a capacidade de o time se reinventar como o grande trunfo de sua dupla. "Acredito que a palavra que define é superação. O Alison vinha de uma operação no joelho e uma apendicite, sabia que seria exigido desde o começo. Chegamos ao Mundial como terceiro time do país, mas tivemos paciência, união e força. A maneira como conseguimos nos encontrar durante o ano foi algo muito bonito", afirma Bruno.
No ranking feminino, Ágatha e Bárbara Seixas fecharam com 6350 pontos, com vitórias em três etapas, incluindo o Mundial da Holanda, e se sagraram campeãs do tour. Elas conseguiram ainda três pratas e um bronze. Em segundo lugar ficaram Larissa e Talita (5840 pontos e sete ouros). As quatro serão as representantes do Brasil na Olimpíada.
"Foi uma temporada muito especial, de conquistas e amadurecimento. Nós priorizamos o Circuito Mundial, já que a vaga olímpica poderia ser obtida por lá. Durante o caminho tivemos que abdicar de muitas coisas, só vivendo o voleibol e totalmente focadas, muitas vezes longe da família e dos amigos. Mas tudo isso foi recompensado agora", disse Ágatha.
O Brasil vence o circuito feminino desde 2003. No masculino, o domínio não se repete. Uma dupla do país não faturava o título desde 2011, quando Emanuel e Alison foram campeões. Alison, o "Mamute", voltou ao degrau mais alto do pódio, agora ao lado de Bruno. "Poder voltar a conquistar o título no masculino também é um ótimo indicio. Não apenas conquistar, mas ser campeão e vice-campeão nos dois naipes representa uma temporada fantástica. Vamos seguir trabalhando, mas acredito que isso também impõe respeito nos adversários para os Jogos Olímpicos de 2016. Eles construíram e quem vier enfrentar as duplas brasileiras em nossa casa também terá que lidar com a pressão. O caminho está sendo bem trilhado, mas ainda há muito trabalho pela frente", analisa Franco Neto.
A programação da preparação será elaborada nos próximos meses, segundo a CBV, depois que for divulgado o calendário da próxima temporada pela FIVB. Até o fim do ano serão realizadas as etapas do México, Turquia e Catar, que já contam pontos para o Circuito de 2016.